segunda-feira, 10 de setembro de 2012

EXPOSIÇÃO QUE REMEMORA 44 ANOS DE CARREIRA DO FOTÓGRAFO RICARDO SCHMITT SERÁ ABERTA HOJE


Com 44 anos de carreira, o carioca que escolheu o Ceará como lar, Ricardo Schmitt, rememora sua trajetória profissional e fatos marcantes na história do país registrados através das suas lentes na exposição Ricardo Schmitt - Documenta. Serão mais de 40 fotografias expostas na galeria Antônio Bandeira, localizada no Centro de Referência do Professor, de 10 de setembro até o dia 31 de outubro. No dia da abertura, haverá coquetel para convidados a partir das 19h.

A exposição é o resultado do prêmio do Edital das Artes 2010, da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) e conta com a curadoria da Lumiar Comunicação e Consultoria. “Nosso objetivo é documentar o trabalho de Ricardo Schmitt, nome importante na consolidação da fotografia em Fortaleza, principalmente nas décadas de 70 e 80. Ele atuou de forma incisiva no fotojornalismo e na moda, além da publicidade, alcançando penetração na mídia impressa do Ceará e do eixo Rio-São Paulo”, afirma a coordenadora da Lumiar, Dora Freitas.

Contando com um acervo de cerca de 200 mil imagens, Schmitt conta que o trabalho que resolveu mostrar nessa exposição tem pouco a ver com a beleza fotográfica. No foco, imagens que retratam fatos históricos, personagens relevantes na esfera política e social brasileira, mas revelam também o fazer jornalístico de uma época marcada por grandes desafios.

“Quando comecei a trabalhar no Ceará, os jornais e agências não tinham grandes e modernos estúdios, principalmente por aqui. Viajava pelo sertão e pelas capitais nordestinas de carro e os filmes fotográficos sofriam os efeitos do calor. A revelação era feita no Rio e em SP, pelos veículos de comunicação para os quais prestava serviço. Então, os filmes seguiam por malotes ou por avião, sempre numa luta contra o tempo para chegar no prazo do fechamento”, relembra o fotógrafo.
Enquanto Schmitt prepara um projeto para digitalizar o seu acervo e arquivar no Museu da Imagem e do Som (MIS), seu trabalho já está sendo divulgado através do site http://www.ricardoschmittdocumenta.com.br.


Sobre Ricardo Schmitt – Quando saiu da casa dos pais aos 14 anos, no Rio Grande do Sul, para ganhar o mundo, Ricardo não tinha ideia de que rumo a sua vida tomaria. Seguiu, aos 16 anos para o Rio de Janeiro, sua cidade natal, onde reencontrou o irmão José Gentil. Renomado fotógrafo na área de eventos, ele já tinha um grande estúdio e foi lá que Ricardo Schmitt começou a trabalhar, em 1968, a princípio como serviços gerais.

Em seis meses, ele já estava atuando como assistente de fotografia e se arriscando em alguns trabalhos por conta própria. “Meu irmão me deu uma profissão”, diz agradecido. Depois de alguns cursos na área e de um breve estágio no jornal O Estado de São Paulo, deu início à sua carreira no fotojornalismo com a contratação pela revista Manchete em 1970, onde permaneceu até 1974

Surge então a primeira oportunidade em publicidade, como freelancer da Manchete em Manaus (AM), mercado promissor à época por conta da zona franca. Depois de 10 meses, retorna ao Rio de Janeiro com equipamentos de ponta e volta a trabalhar com o irmão. Os contatos acabaram por render até uma capa de disco de Artur Moreira Lima, além de fotos para Ney Matogrosso e Lenny Day, grandes nomes da música.

Em 75 foi contratado por agência em Belém (PA), a Mendes Publicidade, que apesar da distância do eixo Rio-SP, era reconhecida dentro e fora do país. “Implantei o laboratório e o estúdio fotográfico, fiz vários trabalhos interessantes e foi por lá que fiz os primeiros contatos com profissionais do Ceará”, conta.

Foi assim que Schmitt chegou à Fortaleza, em 1977, para montar o laboratório e o estúdio da Mark Propaganda. Vislumbrando um mercado totalmente novo, em 78 realizou visitas aos veículos de comunicação de São Paulo oferecendo seus serviços como freelancer e já retornou com uma pauta sobre Padre Cícero para os encartes da Editora Abril intitulados “Nosso Século”. 

Através desse trabalho, conheceu o historiador e jornalista cearense Nirez, que rendeu uma nova pauta, agora para a revista Veja, publicação para a qual prestou serviço durante 14 anos e onde foram publicadas mais de 600 fotos de sua autoria.


Em 84, Schmitt abre a agência de fotojornalismo Reflex em Fortaleza, situada no Edifício Casablanca, na Av. Santos Dumont, que mais tarde iria sediar também editoras e revistas de fora do Estado interessadas no mercado em plena expansão. Um dos principais produtos para qual a Reflex colaborava era a Revista Moda Quente, dirigida por Wania Dummar e redigida pelo jornalista Ivonilo Praciano, que  incrementou o mercado de moda no Ceará e era reconhecida pela sua qualidade no Sudeste. Com o aquecimento dos negócios e essa vitrine para fora do Ceará, "as editoras de moda do país passaram a dar maior atenção ao que era produzido aqui. Nesta leva, multiplicaram-se os editoriais para Moda Registrada, de Maria Helena Castilho -  a maior autoridade na época - Toda Moda, Moda Brasil, Etiqueta, Claudia Moda, Domingo JB e Desfile, somente para citar alguns veículos. Foi assim que o mercado se consolidou e proporcionou muito trabalho para o pessoal local", relembra o fotógrafo.

Além da moda, a expansão da indústria e do comércio no Estado, a seca nordestina e as chuvas foram fatos que marcaram as décadas de 70 e 80, atraindo a atenção do resto do país. Todos esses acontecimentos foram registrados pela Reflex, que reuniu em seu portfólio clientes como Veja, O Estado e a Folha de São Paulo, O Povo e Diário do Nordeste, encerrando as suas atividades 26 anos depois de sua inauguração, em 2008.


Serviço:
Exposição fotográfica Ricardo Schmitt – Documenta
De 10/09 a 31/10
Local: Galeria Antônio Bandeira
Endereço: Rua Conde D’Eu, 560, Centro – Centro de Referência do Professor
Horário: De segunda à sexta-feira, de 9h às 18h. Aos sábados, de 9h às 13h.


Nenhum comentário:

Postar um comentário